Resenha - Ergo Proxy, por Vanessa Kizaki

Ergo Proxy
Roteiro: Dai Sato e colaboradores
Direção: Shukou Murase
Estúdio: Manglobe

Sinopse: Em um mundo pós-apocalíptico, Re-l Mayer é uma investigadora da cidade de Romdo. A cidade foi construída para proteger as pessoas após o apocalipse ambiental e, atualmente as pessoas convivem com androides, os AutoReivs, porém, um vírus chamado Cogito começa a infectar esses androides que passam a ter consciência de sua existência e assim tomam atitudes, como por exemplo, matar humanos. Re-l Mayer torna-se responsável por investigar esses assassinatos, mas irá se deparar com diversas questões do além dos assassinatos cometidos por robôs humanoides.

Eu definitivamente adoro esse anime! Produzido pelo estúdio Manglobe (Samurai Champloo, Deadman Wonderland) a animação foi ao ar de fevereiro de 2006 a agosto do mesmo ano com um total de  23 episódios, posteriormente foi licenciado para lançamento em DVD na América do Norte.

Ergo Proxy é um anime complexo, é aquele tipo de história que por diversas vezes te deixa sem rumo, você faz aquela cara de "Quê?", mas continua assistindo na esperança de compreender o que se passa na história, que francamente, é confusa. Entretanto, apesar de muitas vezes parecer que nada faz sentido nessa história, quando as peças vão se encaixando tudo fica maravilhoso, não que isso signifique um final feliz, esse não é o foco da trama. 

Quem já assistiu filmes como "O Homem Bicentenário", "Eu Robô" e até mesmo "O Exterminador do Futuro", talvez possa se interessar pela obra, visto que o enredo passa pelo fato de que as máquina passam a tomar vida e consciência de tal forma que chegam a rebelar-se contra os homens. Em minha opinião, acredito que dos filmes que citei, Ergo Proxy aproxima-se mais de "Eu Robô", a crise existencial dos androides tentando compreender se sua autoconsciência se deve ao vírus Cogito ou ao que eles realmente são e então se revoltam e acabam por matar os humanos (nessa parte parece mais o "Exterminador do Futuro" rsrsrs...).

É válido ressaltar que essa crise pela qual os androides passam, na realidade é uma referência a crise existencial do próprio ser humano, tentar compreender de onde vem suas opiniões, consciência das coisas e de si próprio ou mesmo a simples e ao mesmo tempo complexa questão de quem realmente somos, são questões que o homem tem feito há anos e tem buscado respostas para essas questões, embora nenhuma das respostas sejam absolutas e imutáveis.

De forma sutil, e que talvez até passe desapercebido em vista da complexidade da história, são feitas referências a diversos pensadores, como por exemplo, utilizar os nomes de filósofos como Husserl para os personagens e o nome do próprio anime e do vírus que infecta os androides. Acredita-se que o nome Cogito para o vírus tenha sido inspirado na palavra em latim que significa "pensar" e foi eternizada na frase de Descartes "Cogito, ergo sum" (Penso, logo existo); quanto ao título do anime, a palavra "Ergo" teria o significado de "existir", mais uma vez relação com a crise existencial. 

Tudo nesse anime parece se encaixar harmonicamente para o estilo, desde os traços dos personagens que são um pouco mais realistas, no sentido de que não possuem olhos enormes e nem cabelos volumosos e coloridos, os personagens parecem mais reais. O clima um tanto sombrio, visto que é um anime que não possui cores vívidas e sim coloração mais escura, dão o tom perfeito de uma certa tensão no ar. E a trilha sonora casa perfeitamente com o enredo, tendo como música de abertura Kiri da banda japonesa Monoral e no encerramento Paranoid Android do Radiohead.

O que foi contado até aqui é parte da "trama principal", por assim dizer, mas paralelamente outras questões vão sendo levantadas, como o controle do governo sobre a população, o fato de que humanos são criados em úteros artificiais (alguém lembrou de "Matrix"? rsrsrs...), porém a necessidade dessa medida ser algo totalmente discutível e por ai vai. 

Vale ou não a pena assistir? Então, esse é o tipo de anime que eu não recomendo a todos, se você é o tipo de pessoa que curte uma ficção científica a estilo dos filmes que eu citei durante a resenha (salvo "O Homem Bicentenário" porque apesar das máquinas tomarem consciência, ainda são robôs mais comportados) é possível que goste dessa obra. Se você quer se aventurar por algo diferente, acho super válido experimentar com Ergo Proxy, mas é importante não parar no primeiro episódio, assista pelo menos uns 4 episódios antes de descartá-lo totalmente.

Por enquanto é isso pessoal! Até a próxima e deem uma olhadinha na abertura do anime:



2 comentários:

  1. Tenho muita vontade de ver esse anime, só ainda não tive tempo.

    Ai o grafico é TÃO lindo <3


    Beijos

    http://penelopeetelemaco.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  2. Telemaco: Muito obrigada pelo comentário! Concordo totalmente com vc, o gráfico é lindo e digo mais, acho que a trilha sonora combina muito com a trama, além da complexidade dos personagens.
    Sei bem como é isso de não ter tempo, mas quando possível assista, é um anime curto e muito bom!

    Bjusss... Espero que continue acompanhando o blog =D

    ResponderExcluir