Resenha: A garota que lia as estrelas, de Kiran Millwood Hargrave, por Michelle Pereira









Ficha Técnica:
Título: A garota que lia as estrelas
Autor: Kiran Millwood Hargrave
Editora: Jangada
Ano de Lançamento: 2019

Gênero: Fantasia/Literatura infantojuvenil
Páginas: 264
Preço Médio: R$ 39,90
Livro físico cedido pela editora


Oi gente! Como vocês estão?

Quem ai gosta de livros que contém mitologia própria? Não sei vocês, mas eu amo. Um dos que mais me encantaram até hoje foi Feita de fumaça e osso, da Laini Taylor, com seus serafins e quimeras em uma luta que parece eterna.

O livro de hoje não deixa por menos. Nele o mito é de Arinta, a garota que desceu por debaixo da terra e derrotou Yote, um demônio do fogo. Essa, não poderia ser diferente, claro, é a história favorita de Isabella, nossa protagonista, e que é contada a ela por seu pai.

Isa, de 13 anos, é filha do cartógrafo e deseja desenhar mapas tão belos quanto os de seu pai, algum dia. Mapas que, como os dele, tenham vida própria e cores que os tornem especiais.




Na ilha de Joya, já não havia aves canoras. Todas haviam fugido, sobrando apenas os corvos. Não bastasse essa aura ruim sobre o lugar, ele havia sido tomado pelo governador Adori há muito tempo. Um homem estranho e odiado, tanto por ser estrangeiro, quanto por sugar as riquezas de Joya apenas para si.

Isabella, por acaso, é a única amiga da filha do governador, Lupe. Com um pai como o dela, é de se esperar que a garota não fosse querida na escola, não é mesmo? E ela até poderia ter aulas em casa para evitar situações desagradáveis, mas escolheu estar junto das crianças de sua idade na escola do povo.

"Cada um de nós carrega o mapa de nossa vida impresso na pele, na maneira como caminhamos, até mesmo na maneira como crescemos."

Lupe e Isa se encontravam na feira, no centro de Gromera, antes de irem para a aula. No entanto, naquele dia em específico, tudo mudaria: uma das garotas da escola, Cata, havia sido assassinada no pomar do governador, de forma muito estranha. Justamente a mesma garota que, na noite anterior, Lupe havia mandado que fosse ao pomar colher uma fruta de dragão.

Não era certo, mas Isa culpou Lupe por isso. Isa a feriu com as piores palavras possíveis e isso fez com que sua amiga fugisse para a floresta em busca do assassino, para provar a Isa que ela não era podre como seu pai.




A agitação pela morte de Cata não se resumiu a apenas humanos. Os animais estavam enlouquecidos e fugiam para o mar, afogando-se em seguida. Se antes já não havia pássaros em Joya, agora quase nada iria sobrar. Maus presságios chegavam depressa...

Quando Isa descobre que Lupe foi atrás do assassino de Cata, por meio de uma carta dirigida a ela, decide ir a mansão do governador disfarçada de menino e, lá, acaba se juntando a comitiva que procuraria por sua amiga. Fingindo ser seu irmão falecido, Gabo, Isa assume o cargo de navegador, guiando o caminho através da leitura de mapas e estrelas.

"Destino é uma palavra usada por pessoas que não querem assumir a responsabilidade por suas próprias vidas."

Indo para o interior da ilha, eles vão descobrindo que a natureza está morrendo. As árvores secaram, assim com o curso do rio; os animais haviam desaparecido, tal qual as pessoas de outras aldeias. Se eles esperavam encontrar Lupe com vida, a cada metro percorrido essa esperança ia morrendo... principalmente depois de encontrarem os predecessores de Yote, os Tibicenas, lobos gigantescos e assassinos.

Isa poderia não imaginar no início, mas, nessa viagem, descobriria muito sobre si, sobre o passado do governador e sobre as lendas que recobriam a ilha de Joya. Talvez nem todas fossem histórias para crianças, talvez tudo fosse real.




Sabe aquele livro que te conquista aos pouquinhos, sem você nem perceber? A menina que lia as estrelas é assim. A história de Isa tem cadência própria, tem ritmo bom e muita fluidez. Ela é sobre saudade, sobre amizade e coragem.

Acho que parte do que mais gostei foi a narrativa sobre passado da protagonista. A mãe havia morrido há muito tempo, o irmão gêmeo, há alguns anos. A saudade de Isa era palpável, mas ela seguia em frente, tanto por ela, quanto pelo pai, que, manco de uma perna, era só amor pela filha. Há também o tom mágico das histórias que ele contava a ela, sobretudo, as de Arinta, que faziam Isa sonhar em ser como ela.

"Todas as coisas têm um ciclo, Isabella, um hábito de retornar ao lugar de onde vieram. As estações, a água, as vidas, talvez até mesmo as árvores.Nem sempre você precisa de um mapa para encontrar seu caminho de volta."

Outro personagem que também preciso mencionar é o Pablo. Ele, quando mais novo, brincava com Isa e o irmão. Agora, é uma espécie de primeiro amor da protagonista, mas é algo tão suave e tão platônico, que achei bonito e correto. Principalmente pela Isa ter apenas 13 anos. Não é hora certa para desenvolver um par romântico para ela, embora ter a menção de ela gostar de alguém ser legal, já que, vamos ser sinceros, toda garota quando está crescendo tem um amorzinho platônico no coração hahaha 

A menina que lia as estrelas é um livro leve e cheio de nuances sobre crescimento, que recomendo, tanto para adultos, quando para jovens.

Eu adorei a capa e mais ainda a diagramação, que é cheia de desenhos ao longo do livro, de barcos a animais marinhos. Uma delicadeza! A revisão está impecável. Vale ressaltar também que há mapas estampados no verso da capa que achei bem legais!

Espero que tenham gostado!

Hugs

Nenhum comentário:

Postar um comentário