Ficha Técnica:
Título: Admirável Mundo Novo
Autor: Aldous Huxley
Editora: Globo de Bolso
Ano de Lançamento: 2010
Gênero: Literatura Estrangeira / Romance
Páginas: 380
Preço Médio: 17,90
Anos no futuro, o conceito de Deus foi abolido, bem como os
conceitos de pai, mãe, casamento, família. Os seres humanos são reproduzidos em
laboratório, óvulos são fecundados e divididos inúmeras vezes produzindo
dezenas de gêmeos idênticos. Cada indivíduo pertence a uma casta própria, de
acordo com seu grau de importância e trabalho na sociedade.
A infelicidade e a solidão não existem. Todos são
condicionados desde a mais tenra idade à estarem satisfeitos por suas
ocupações, que nunca mudarão. Eles foram feitos para aquela função e a elas
estariam presos até suas mortes. Que, aliás, também são encaradas como um momento
comum.
Não existem velhos. Todos estão presos à peles e corpos
jovens. A mente também. Também permanece jovem e quase infantil.
Os valores foram todos invertidos. Ninguém pertence a um só
alguém. São todos de todos. A monogamia não existe. Na realidade, é até mesmo
tratada como algo extremamente errado. Não estar envolvido com diversas pessoas
ao mesmo tempo é considerado um comportamento incomum e é abertamente
desaprovado.
Qualquer problema pode ser resolvido com uma dose de soma.
Não é necessário lidar com sentimentos
ruins como estresse, infelicidade, todos são facilmente esquecidos tomando um
ou dois comprimentos de soma.
É neste mundo que Bernard vive. Porém, ele é diferente dos
outros. É excluído, e tratado com desprezo. Por que ele simplesmente não
consegue seguir os padrões? Por que não consegue achar normal tratar uma mulher
como algo descartável? Por que se importa tanto com Lenina e com o que os
outros homens que já a provaram falam sobre ela?
Mesmo que Lenina ache Bernard um cara esquisito, ainda sim
aceita sair com ele. Principalmente porque está muito interessada em conhecer a
reserva de humanos Selvagens nos Estados Unidos. Isso não é empolgante?
Mas não tão empolgante assim quando ela está lá, vendo os
costumes arcaicos e aterrorizantes dos Selvagens, vendo seus rituais religiosos
tão estranhos e improváveis numa sociedade de destituiu Deus de seu trono. É
menos empolgante ainda quando Lenina conhece Linda, uma mulher que seria como
ela, se não tivesse se perdido tanto tempo atrás na reserva e sofrido os
efeitos do tempo. Para Lenina são repugnantes as rugas no rosto de Linda, seus
dentes podres, seu corpo gordo.
Para Bernard essa é sua chance de vingança e de glória.
Vingança ao levar Linda de volta e mostrá-la ao Diretor, que tanto fez para
humilhá-lo e que prometera enviá-lo para a Islândia. Glória, pois levando o
filho de Linda, John, um jovem criado em meio aos Selvagens, para a civilização
e tentando inseri-lo lá, ele teria fama e todos os benefícios vindos com ela:
amigos, mulheres, poder.
Porém, apesar de tudo sair com planejado inicialmente,
Bernard vê seu tênue castelo de cartas desabar. John não se adapta aquela
sociedade, não se adapta a ser cercado por todos a todo o momento, fazendo
perguntas, sendo enxeridos, e embriagando-se, fugindo da realidade com o soma.
John prega a liberdade destes indivíduos, mas como fazê-los entender um
conceito tão absurdo quanto liberdade? Algo que eles sequer conhecem? E se não
consegue isto, pelo menos que sua própria liberdade esteja garantida. Mas por
quanto tempo e a que custo?
Mesmo sendo um livro extremamente antigo, Admirável Mundo
Novo, se encaixa à nossa história atual de maneira perfeita. O comportamento
superficial das pessoas, o consumismo exacerbado, a fuga da realidade através
de alucinógenos. A pergunta para Admirável Mundo Novo não é “isso poderia
acontecer?”, mas sim, “quando isso vai acontecer?”. Quando o governo vai tomar
o poder sobre nossas vidas, sobre nossas mentes, quando eles vão definir
diretrizes e encaixá-las em nosso subconsciente tão fundo que elas parecerão
naturais? E mesmo que esse controle fosse justificável para manter a paz e a
felicidade social, é certo retirar de você seu poder de escolha?
Admirável Mundo Novo é uma leitura que levanta várias
questões: filosóficas, políticas, sociais. É difícil definir alguma palavra
para este livro, mas tenho certeza de que todas as que eu poderia usar estariam
no superlativo. Excelentíssimo, magnificentíssimo. Coisas desse gênero. Mas
sobre tudo é necessário ter a mente aberta para aceitar aquilo que está sendo
jogado ali naquelas linhas. Coisas, às vezes, difíceis de serem aceitas como
certas.
Um ótimo livro, sem dúvida. Estão prontos pra ler?