Ficha Técnica:
Título: O amor que acende a lua
Autor: Rubem Alves
Editora: Papirus
Ano de lançamento: 2003
Gênero: Lit. brasileira / Contos e crônicas
Editora: Papirus
Ano de lançamento: 2003
Gênero: Lit. brasileira / Contos e crônicas
Páginas: 214
Preço médio: R$44,50
Preço médio: R$44,50
Bom, mineirinha nata do pão de queijo como sou, não poderia
deixar de citar entre as minhas resenhas nada menos que Rubem Alves, um escritor
que desperta nossos mais queridos anseios e recordações. Mineiro de Boa
Esperança revelou-se poeta, filósofo, teólogo e, sobretudo, pensador. É um dos
escritores mais célebres da Língua Portuguesa e um dos intelectuais mais
famosos e respeitados do Brasil. Rubem Alves é transcendental, tem um jeito
poético de enxergar a vida, é um encantador de palavras. É colo de vó, pés
descalços, cheiro de campo, gosto de café em fogão de lenha, riso de criança...
Em O amor que acende a lua, o autor nos presenteia com
pequenas gotas de sua sabedoria, passeia por temas ecológicos, culinários,
líricos e religiosos. O livro se baseia em uma coletânea de vinte e nove
crônicas cujo tema principal é o amor. Nele, o amor é descrito conforme as
fases da lua. Todas as crônicas são maravilhosamente belas. São textos que
enchem os corações de sentimentos bons e faz com que percebamos as coisas
simples da vida e sintamos com a alma. Darei destaque a crônica A pipoca, que
foi a que mais me encantou. Nessa crônica, Rubem Alves descreve a culinária
como algo fascinante, mas sabedor de suas limitações e competências se diz mais
competente com as palavras que com as panelas.
“As comidas, para mim, são entidades oníricas. Provocam a minha capacidade de sonhar”.
“As comidas, para mim, são entidades oníricas. Provocam a minha capacidade de sonhar”.
Ao ler este trecho, me senti maravilhada por compartilhar do
mesmo sentimento.
Estourar pipocas é simplesmente divertido, é como
brincadeira de uma criança inocente. Os milhos estourando e se transformando em
graciosas flores brancas...
Na crônica, Rubem Alves nos conta que um paciente seu
mencionou a pipoca em uma de suas consultas, e que a partir daí suas ideias
começaram a estourar como pipoca. Desses pensamentos, surgia então à relação
metafórica entre a pipoca e o ato de pensar.
“Um bom pensamento nasce como uma pipoca que estoura, de
forma inesperada e imprevisível”.
A partir daí, a pipoca virou um objeto poético. Começamos a
enxergar um universo inteiro em um grão de pipoca. Descobrimos o seu simbolismo
religioso, que os cristãos a consideram como a morte e ressurreição de Cristo.
“Morre e transforma-te!” – dizia Goethe.
Descobrimos também, que pipoca é considerada comida sagrada do candomblé. Mas, diante dos encantos e das descobertas sobre o estouro de pipoca, considero uma mais relevante. A comparação do seu estouro com o poder de transformação dos seres humanos. A pipoca também é sinônimo de transformação!
Descobrimos também, que pipoca é considerada comida sagrada do candomblé. Mas, diante dos encantos e das descobertas sobre o estouro de pipoca, considero uma mais relevante. A comparação do seu estouro com o poder de transformação dos seres humanos. A pipoca também é sinônimo de transformação!
“Devemos ser aquilo que acontece depois do estouro”.
Somos exatamente como o milho, uma casca dura, fechada e não
imaginamos o poder de transformação que temos. Pelo poder do fogo podemos,
repentinamente, nos transformar em outra coisa, voltarmos a ser crianças, por
exemplo. Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. O fogo é quando de
repente em nossa vida, nos deparamos com situações difíceis que nunca
imaginamos. Sem fogo o sofrimento diminui e também a possibilidade da grande
transformação, e assim nos tornamos piruás.
“A pipoca pelo poder
do fogo, a grande transformação acontece: pum! – e ela aparece como uma outra
coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta
rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante.”
E você, é pipoca ou piruá?
Espero que tenham gostado e, por
favor, não deixem de ler Rubem Alves!
É simplesmente um encontro fascinante nas profundezas da simplicidade, da bondade e do amor.
É simplesmente um encontro fascinante nas profundezas da simplicidade, da bondade e do amor.
Até a próxima, beijos com pipocas! =)
Vocabulário da
pipoca:
Pimá ou piruás: Milho de pipoca que se recusa a estourar. No
sentido metafórico, seriam aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente,
se recusam a mudar. Pessoa que não evolui em nenhum setor da vida.
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