Resenha - O Ano em que te conheci de Cecelia Ahern, por Thais Maia

Ficha Técnica:

Título: O Ano em que Te Conheci
Autor: Cecelia Ahern
Editora: Novo Conceito
Ano de Lançamento: 2016
Gênero: Literatura Estrangeira/Romance
Páginas: 336
Onde Encontar: Saraiva, Amazon, Submarino
Exemplar cedido em parceria com a editora

"Se quiser fazer alguma coisa, você tem que fazer isso agora. Se quiser dizer alguma coisa, então precisa dizer agora. E, principalmente, tem que fazer você mesmo. A vida é sua, é você quem vai morrer, é você quem vai perder."

"Milagres só crescem onde vocês os planta."

Eieiei amores! como vocês estão? Hoje trago a resenha de O Ano em que Te Conheci da minha querida Cecelia Ahern. Sou simplesmente apaixonada pelos livros dessa mulher, por isso nunca tive duvidas de que iria amar o livro, mas não posso negar que mesmo esperando muito dele, ele ainda conseguiu me surpreender bastante. Principalmente porque minha idéia sobre ele estava totalmente equivocada. Cecelia não vai falar necessariamente sobre paixões e amores avassaladores, que era na verdade o que eu estava esperando. Ela vai falar sobre amor sim, mas é mais um amor fraternal, sobre relacionamentos familiares, sobre o início de uma linda amizade e principalmente sobre o momento em que nós finalmente começamentos a desvendar nossos próprios sentimentos. Duvidas, anseios e frustrações. Muitas vezes esses sentimentos passam totalmente despercebidos por nós, e só conseguimos nos dar realmente conta deles, quando paramos um momento para suspirar, quando desaceleramos nossas vidas e nos damos conta das pequenas peculiaridade da vida. 

Mas vamos a um breve resumo da história, Jasmine Butler sempre foi extremamente fissurada em seu trabalho, sua vida se resumia a trabalhar e checar sempre o bem estar de sua irmã mais velha, Heather. Sua vida e seu mundo viram totalmente de cabeça para baixo quando ela é demitida da empresa que ela ajudou a construir. Tudo porque sua idéia era na verdade vende-la para a concorrência. Seu trabalho é justamente esse, adquirir empresas, aprimora-las para depois vende-las, porém seu "sócio" não vê motivos para vender algo que está dando certo.

Para evitar que a ela vá semear suas idéias para os concorrentes, Larry (o "sócio") resolve deixa-la cerca de um ano na geladeira, o que faz com que nossa protagonista fique totalmente a deriva de sua própria vida. Com muito tempo ocioso, Jasmine começa a acompanhar cada vez mais de perto os eventos que se desenrolam na vida de seu vizinho, Matt Marshall, um famoso locutor que vive causando confusão do outro lado da rua. A princípio ela simplesmente não o suporta, mas com o tempo vai surgindo uma amizade incrivelmente bela e inesperada entre ambos.   

"— Todos nós temos momentos marcantes em nossa vida, períodos que influenciaram mudanças pequenas ou profundas dentro de nós. Posso pensar em quatro momentos transformadores para mim: o ano em que nasci, o ano em que soube que ia morrer, o ano em que minha mãe morreu e agora tenho um novo, o ano em que te conheci."

Não irei falar muito sobre o enredo para não acabar com o encanto de vocês ao conhece-lo melhor, são tantos pontos que eu gostaria de ressaltar sobre essa leitura que eu acho que não conseguirei expressar para vocês de maneira correta. Primeiramente, Jasmine se tornou uma personagem tão querida para mim, uma verdadeira amiga - se é que vocês me entendem - talvez seja pelo momento que ela está vivenciando no livro, que faz com que nós - leitores - nos sintamos muito próximos e íntimos dela. Ou talvez seja por sua personalidade, ou talvez seja pelo fato da autora ter criado uma personagem tão humana que simplesmente se parece real. 

Outro personagem que me deixou com coraçõezinhos nos olhos foi a Heather a irmã de Jasmine. A moça é portadora de Síndrome de Down, e a forma com que isso foi apresentado e desenvolvido ao longo do livro foi muito emocionante. Principalmente a relação das duas. Que me deixou comovida vezes sem conta.

"Estamos constantemente evoluindo: eu acho que sempre soube disso, mas porque eu sempre soube disso, eu tinha medo de parar, e é irônico que foi apenas quando parei de vez que mais evoluí. Eu sei que a gente nunca para mesmo, nossa jornada nunca está completa, porque nós continuaremos florescendo - assim como a lagarta pensou que o mundo tinha acabado, e então se tornou uma borboleta."

Eu poderia facilmente ficar filosofando sobre esse livro com vocês até amanhã, mas como eu acho que vocês vão se entendiar de mim, vou parar por aqui. Acredito que todo tipo de leitor possa vir a gostar muito da leitura, não se enganem achando que o livro se trata de mais de um romance água com açúcar, espero ter deixado bem claro que não é assim kkkk. Se eu pudesse descreve-lo em duas palavras seria: Inspirador e Revigorante. Vou tentar deixar um trechinho do início dele aqui para vocês, um dos melhores começos literários que eu já tive o prazer de ler <3.  

“Ela é minha irmã mais velha e está sempre me protegendo, mesmo quando acho que eu é que estou cuidando dela.

"Eu tinha cinco anos quando soube que ia morrer. Até então, eu não tinha pensado que não viveria para sempre; e por que pensaria? O tópico da minha morte nunca fora mencionado casualmente. Meu conhecimento sobre a morte não era fraco; peixes dourados morriam, eu aprendi por experiência própria. Eles morriam se você não os alimentasse, e também morriam se você desse comida de mais para eles. Cachorros morriam ao passarem correndo na frente de carros em movimento, ratos morriam quando eram tentados por biscoitos de chocolate na ratoeira no nosso lavabo sob a escada, coelhos morriam ao escaparem de suas jaulas e se tornarem presa de raposas malvadas. Descobrir essas mortes não me causou nenhum alarme pessoal; mesmo aos cinco anos eu sabia que eles eram bichos fofinhos que faziam besteira, coisas que eu não tinha a menor intenção de fazer.
Então fiquei muito perturbada ao descobrir que a morte também poderia me encontrar.
De acordo com minha fonte, se eu tivesse “sorte”, minha morte aconteceria da mesma forma que a do meu avô. Velho. Cheirando a fumaça de cachimbo e peidos, com bolas de lenço de papel grudadas na barba por fazer acima do lábio superior de tanto assoar o nariz. Linhas pretas de sujeira sob as pontas das unhas de tanto mexer no jardim; olhos se amarelando nos cantos, me fazendo lembrar da bolinha de gude da coleção de meu tio que minha irmã tinha a mania de chupar e engolir, fazendo com que meu pai viesse correndo para lançar os braços ao redor da barriga dela e apertá-la até que ela cuspisse a bolinha de gude de volta. Velho. Com calças marrons esticadas para cima da cintura, parando apenas no seu peito flácido e parecido com seios de mulher, revelando uma pança mole e testículos apertados de um lado do cavalo da calça. Velho. Não, eu não queria morrer como meu avô tinha morrido, mas morrer velho, minha fonte revelou, era a melhor alternativa." O Ano em que eu Te Conheci, pag 9.