Resenha: A taverna - edição 1, por Michelle Pereira










Ficha Técnica:
Título: A taverna - edição 1
Autores: Anna Fagundes, Daniela Almeida, Leticia Copatti, Renan Bernardo e Rubem Cabral
Editora: A Taverna
Ano de Lançamento: 2019

Gênero: Ficção/Fantasia
Páginas: 74
Preço Médio: R$ 5,99 (e-book)

Oi oi gente! Como vão vocês?

Hoje é dia de mostrar um dos projetos mais incríveis que li nesse ano e que me surpreendeu da melhor forma possível (na verdade, o que quero dizer aqui é que ele me deixou de queixo caído forever!). Estou falando da revista A Taverna, uma iniciativa do blog de mesmo nome, do qual nosso parceiro Rodolfo Salles faz parte.

A previsão é de que cada edição reúna cinco contos inéditos de ficção. E vou falar uma coisa pra vocês: a curadoria e os autores selecionados estão de parabéns. Tanto que não consigo falar d'A Taverna sem elogiar, então vem cá, deixa eu contar um pouco sobre cada conto pra vocês ficarem babando como eu.

O primeiro deles é Como um fio que se estende pela eternidade, da Anna Fagundes Martino. Nele conhecemos a relação telepática de Edgar e Marina, que, embora estejam bem distantes um do outro, conseguem ouvir os pensamentos. Uma situação deveras complexa, que vai causar desconfortos a torto e a direito, e, ainda assim, pode torná-los cúmplices para toda a vida. Principalmente no desfecho, que fez meu coração bater forte.

As dores de cada um, do Rubem Cabral, foi um dos contos que mais me surpreenderam pela criatividade e pela estranheza que me causou. Jorge é algo como um médico mental, digamos assim. Com seus poderes espirituais, ele é capaz de entrar na cabeça de seus pacientes e eliminar o mal que habita dentro de cada um deles. E esse não é um serviço barato, tá? Quando conhece Theodora, as coisas se tornam estranhas.

Venâncio Aguado, da Letícia Copatti Dogenski, foi aquele me deu um estalo na cabeça de "meu Deus, eu nunca ia pensar em escrever algo assim! Que ideia sensacional!". Trata-se da história da estranha doença que abateu Venâncio, deixando ele e seus familiares sem saber como reagir. A única coisa que parecia deixá-lo em paz era água. Parece um daqueles causos que ouvimos no interior e vou dizer, se me contassem, acho que eu acreditaria.

A norma aqui de cima, do Renan Bernardo, é uma distopia muito bem pensada. Já li diversas histórias que propõe novas divisões sociais no futuro e gostei bastante da ideia do autor. Aqui, para ascender socialmente (seja para ter um trabalho melhor, seja para tentar garantir um futuro descente para seus filhos), você tem de falar a norma da língua. Português certinho, a gente vê por aqui! Da favela, vem Abá, uma mulher pobre que quer dar condições a sua filha para que possa ser aquilo que sonha: advogada. Só que, para isso, Abá precisa estudar e falar a norma não é nada fácil. Dessa maneira, ela recorre a um aparato implantado no cérebro que torna sua fala correta. Mas, um de seus colegas de escola suspeita que ela use um normalizador e vai persegui-la até as últimas consequências. A crítica social permeia esse conto e achei excelente tudo que foi colocado pelo Rubem, um pé muito bem plantado na nossa realidade.

O último conto, Asas, da Daniela Almeida, me tocou profundamente. A história de Alrane é muito pessoal e muito real. Penso que é sobre estar dividido entre aceitar quem você é e se esforçar para se tornar aquilo que os outros esperam que você seja. Tudo isso trabalhado através de uma metáfora: no universo em que nossa protagonista vive, as crianças nascem mestiças: parte humanas, parte animais. Contudo, a parte animal pode ser controlada assim que ganham um pouco de idade. Só que isso não acontece com Alrane. Ela continua com as asas no lugar dos braços, com as quais nasceu. Isso não facilita em nada sua vida, menos ainda com a discriminação que sofre.

Ufa! Tentei falar um pouco sobre cada conto, sem entregar tudo! Acho que consegui. Se vocês gostaram dessa pincelada, indico fervorosamente que se atirem sobre o pote inteiro de tinta, a revista A taverna merece a leitura.

Espero que tenham gostado.

Hugs.

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