Resenha: Seraphina, de Rachel Hartman, por Michelle Pereira


Oi pessoal, como estão?

O friozinho está dando as caras pelo país, em alguns lugares, mais tardiamente, como aqui em Minas. E nada melhor para as baixas temperaturas que um chá quentinho e bom livro, não é mesmo?

Se o que falta é dica de livro, tenho uma maravilhosa para dar a vocês: Seraphina, da Rachel Hartman.

De todas as criaturas mitológicas, o dragão é uma das que me suscita mais curiosidade. Enormes, inteligentes, poderosos. A combinação perfeita! Desde Eragon, não li nenhuma história em que essas criaturas fossem protagonistas e vou dizer uma coisa: Seraphina supera todas as expectativas. Que livro maravilhoso, céus!




Como é de se esperar, a personagem principal é a Seraphina. A jovem musicista acabara de se tornar assistente de Viridius, o mestre de música do castelo. Conhecida por ser mal-humorada, Phina tem mais a esconder do que qualquer um pode imaginar: sua mãe, que morreu ao lhe dar a luz, era um dragão, enquanto seu pai, um humano (que não sabia de nada, até ver sua esposa partir). Mestiça, Seraphina tem escamas nas costas e no braço esquerdo que precisam ser muito bem escondidas, sobre diversas camadas de roupa, já que meio-dragões são considerados uma abominação para ambas as espécies. E tem mais, tudo que ela aprendeu sobre música veio de seu tio Orma, um dragão que vivia sob a pele humana.

Isso, por acaso, era comum naqueles tempos. Depois de muito guerrear, dragões e humanos forjaram uma aliança de paz. As criaturas, inclusive, passaram a tomar a forma humana para viver entre o povo, grande parte destes, tornando-se intelectuais (tal qual Orma). Os dragões, aliás, tinham de usar um sino para se diferenciar (a não ser os estudiosos).

No entanto, essa paz era tênue. Enquanto os dragões aceitavam vivê-la e esquecer tudo que havia acontecido, os humanos não faziam o mesmo e os odiavam, mesmo que em silêncio, apenas para cumprir as ordens da rainha Lavonda.

O amor não é uma doença.

Aproximava-se o aniversário de quarenta anos do acordo entre espécies e os ânimos não andavam nada bem. No palácio, Seraphina corria contra o tempo e contra as exigências de Viridius para organizar a grade de apresentações da comemoração, que receberia o líder dragontino, o Ardmagar Comonot ao mesmo tempo em que tinha de lidar com as lembranças que explodiam sem aviso prévio - cada uma delas, deixada por sua mãe, faziam-na desmaiar tal qual era sua força - e com os grotescos que viviam em sua mente.

Os grotescos, bem como as memórias, também tinham poder sobre Phina, por isso, todas as noites ela precisava entrar em sua própria cabeça e visitar o jardim onde havia aprisionado seus companheiros. Cada um deles tinha aparência peculiar, dezessete no total. Os favoritos de Seraphina eram o Sujeito Barulheiro, a Senhorita Exigente e o Morcego das Frutas. Parecia loucura, sim, fazer tudo aquilo, mas era o único jeito de se manter inteira durante o dia.

Loucura maior foi descobrir que cada um dos grotescos era uma pessoa no mundo real. Uma pessoal não, um meio-dragão. E Seraphina iria precisar de todos que pudesse encontrar para os tempos que sombrios que se assomavam à sua frente.




Pouco antes do aniversário do Acordo, o príncipe Rufus fora assassinado durante uma caçada. As suspeitas recaíam sobre os dragões, já que o corpo estava sem cabeça quando encontrado. Teria sido algo feito por uma criatura que desconhecia o tratado ou seria um ato deliberado? Era o que o príncipe bastardo e líder da Guarda Real, Lucian Kiggs, precisava descobrir antes que o Ardmagar e sua comitiva chegassem.

Sem querer, Seraphina acabou envolvida na investigação sobre o assassinato, tanto por parecer muito perspicaz perante a princesa Glisselda, para quem dava aulas de música, e para o príncipe Lucian, quanto por ter pistas escondidas dentro de sua própria mente sobre o culpado: um de seus parentes dragões. Para alguém com tantas coisas a esconder, Phina estava perigosamente perto de ser desmascarada pelo príncipe.

Mas o que ela poderia fazer? Se esconder ou tentar impedir que certo dragão acabasse com a paz conseguida a duras penas quarenta anos atrás? É isso que ela precisará descobrir, enquanto amadurece e descobre a si mesma e ao amor.

Um em mil é uma chance melhor do que zero, mas zero é o que ela estabeleceu. Porque... como eu poderia amá-la se não podia vê-la? A quem eu amava, exatamente?

Pensa num livro que me pôs no chão? Esse é Seraphina. Passei a tarde de ontem lendo (tão concentrada que nem percebi que a energia elétrica tinha ido embora hahaha) e concluí a metade restante que me faltava para o fim da história. E que história, minha gente!

Embora a Phina passe a imagem de durona, ela faz isso porque vive na corda bamba, tentando esconder quem ela é, triste pelo pai a odiar e por não ter o amor e admiração que sente pelo tio, Orma, correspondidos (esse último, mais complicado, já que os dragões não entendiam bem o conceito de amor, nem sabiam como demonstrá-lo). E, ainda, tendo que cuidar de pessoinhas que viviam dentro de sua cabeça e que poderiam colocá-la em maus lençóis, caso resolvessem fazer alguma estripulia em sua mente. É muita coisa para lidar com apenas dezesseis anos. E tem mais tá? Só que é spoiler e não posso contar, hahaha!




Não bastasse tudo isso, Seraphina ainda tinha de ter cuidado com o príncipe Kiggs. O bonito era mais inteligente e observador do que deveria e poderia pegá-la em alguma armadilha a qualquer momento. Seu segredo precisava ser preservado. E essa loucura de viver em ocultando algo é que a destruía aos pouquinhos.

Só que a Seraphina é mais poderosa que isso, tá? E vai tirar tudo de letra no final! Porque é de protagonistas fortes que nós gostamos, e é de enredos com uma evolução tão incrível que admiramos.

Rachel Hartman escreve maravilhosamente bem e encanta o leitor a cada linha. A história que ela conta nos chama para vivê-la com intensidade, sem deixar nenhuma linha escapar. Venha sem deliciar também!

A capa desse livro é uma das minhas favoritas da Editora Jangada/Grupo Pensamento! Esse roxinho e essa ilustração são perfeitas! Amei demais e quero um pôster na minha parede! A diagramação segue a linha clean que já conhecemos e ajuda na fluidez da leitura. Já a revisão teve alguns probleminhas mínimos, nada que atrapalhe seriamente o texto.

Espero que tenham gostado e leiam essa história. Por favor!

Hugs

Nenhum comentário:

Postar um comentário