Oh My God!
Que responsabilidade tremenda ser a estreante da coluna mensal Autores, do
Notinhas de Rodapé.
Nosso
intuito aqui é escrever uma biografia majestosa sobre nossos autores favoritos,
contando um pouco sobre suas vidas, suas carreiras como escritores ( ou não ) e
listando suas obras. Mas nós não queremos qualquer coisa genérica, queremos
fazer algo realmente bom e emocionante sobre nossos escritores mais amados.
Queremos que eles conquistem vocês, assim como nos conquistaram.
E para
começar, com toda glória, e pisando num tapetinho de veludo vermelho, vem aí o
fodástico: NEIL GAIMAN.
É isso aí!
Meu autor favorito, que passeia com maestria pelos romances, livros infantis e
quadrinhos.
Você já deve
ter ouvido falar sobre ele, e deve se perguntar por que esse cara é tão
aclamado mundialmente? E por que estou babando por ele de forma tão dramática?
Bem, está na
hora de descobrir!
Neil Richard
Gaiman, nasceu no interior da Inglaterra, em Portchester, em 10 de novembro de
1960. Hoje, vive em Minneapólis, nos Estados Unidos, e é casado há três anos
com a vocalista da banda Dresden Dolls, Amanda Palmer.
Desde criança
era apaixonado por livros, tanto que convenceu seu pai a deixá-lo na biblioteca
da cidade enquanto ia trabalhar. Seus
autores favoritos eram C.S.Lewis, J.R.R.Tolkien, Edgar Allan Poe, só para citar
os mais famosos.
Na
juventude, tentou insistentemente ser publicado por alguma editora, mas foi
rejeitado diversas vezes. Tornou-se jornalista e crítico literário com intuito
de que isso o ajudasse a ingressar no mercado editorial mais tarde.
Violent Cases
ganhou o conceituado prêmio Eagle em 1988 como Melhor Graphic Novel, e ainda
foi indicado ao prêmio Harvey, também muito famoso. No Brasil, a HQ foi
publicada 20 anos depois pela HQM Editora.
Em 1989, a
parceria Gaiman-McKean rendeu um novo fruto: Sinal e Ruído. A ousada e
artística graphic novel publicada na revista The Face, conta a breve história
de um cineasta prestes a morrer e que tem seu último trabalho recusado para
filmagens. Mas, isso não o impede de filmar seu longa-metragem dentro de sua
própria cabeça...
Este sim,
podemos dizer, foi o chute a gol na carreira do Neil. Orquídea Negra abriu as
portas para o poderoso Sandman.
A DC Comics
estava para lançar seu novo selo, Vertigo, de quadrinhos para adultos. E
adivinhem quem a editora-fundadora, Karen Berger, chamou para estrear este
selo? Nosso amado Neil Gaiman.
A ideia
central era criar uma nova roupagem para o personagem Sandman, um herói da
década de 1940. Nosso Sandman original era Wesley Dodds, um milionário que
usava uma máscara de gás para investigar e enfrentar vilões ( alguém aí também
lembrou do meu também amado e idolatrado, Bruce Wayne? )
No novo
Sandman, Gaiman resgatou o mito do “homem da areia” que fazia as pessoas
dormirem. O Mestre dos Sonhos. E aqui Neil revolucionou a história dos quadrinhos,
transformando-a de meras histórias para crianças a verdadeiras obras de arte
densas e filosóficas para adultos, com personagens bem trabalhados, profundos e
cheios de sentimento.
Sandman,
publicado de 1988 a 1996 teve 75 edições e até hoje é uma das mais aclamadas
graphic novels de todos os tempos. Vale ressaltar que todas as capas foram
construídas pelo Dave McKean, e todas são magníficas. Para quem não sabe, a
arte de McKean é, como posso dizer, visceral? Cheia de emoção? Tocante? Este
verdadeiro mestre da arte, mescla em suas artes colagens, fotografia, objetos,
animais ( em uma das capas de Sandman, há um peixinho dourado de verdade ) e
fora seus recursos técnicos pra lá de malucos ( pense em um trabalho coberto de
gasolina, risque um fósforo, jogue nele e você saberá o que é isso ). E não
podemos esquecer que as HQ’s foram criadas por ilustradores de renome como
David Grimberg e Jill Thompson.
Sandman
ganhou diversos prêmios pelo mundo, incluindo o prestigiado World Fantasy
Award, nunca antes concedido a uma história em quadrinhos. ( E por acaso,
depois disso, uma regra foi alterada no prêmio, não permitindo que quadrinhos
concorram. Dá-lhe Neil Gaiman! O único a receber este prêmio! )
Ahh, e quase
ia me esquecendo... A personagem Morte, de Sandman ganhou dois especiais na
década de 90. O primeiro, Morte – O preço da vida é de 1993 e conta a história
de Sexton Furnival, um adolescente em crise existencial que está a ponto de se
suicidar, até que a Morte ( aqui apresentada com o apelido de Didi ) o leva
para passar um dia com ela. E o segundo
é Morte – O grande momento da vida, uma reflexão sobre a vida e sobre como
aproveitar os bons momentos.
Agora saindo
um pouco de Sandman...
Belas
Maldições ( Good Omens ) foi seu primeiro livro, lançado em 1990 em parceria
com Terry Pratchett, uma história hilária sobre o apocalipse. ( Que ainda não
li =/ )
Em 1991
publicou os Livros da Magia, uma minissérie em quatro partes sobre um
adolescente inglês que descobre que seu destino era se tornar o maior mago do
mundo. ( Um predecessor do Harry Potter? )
A comédia
trágica ou a tragédia cômica de Mr. Punch lançada originalmente em 1994 ( mas
que só chegou ao Brasil em 2010 ) é uma HQ sobre as descobertas de um garoto (
seria o próprio Neil rememorando seu passado ), o fim da inocência e o início
da vida adulta, usando como pano de fundo o tradicional teatro de fantoches
inglês Punch e Judy ( onde você verá que Mr. Punch mata seu filho, um bebê,
espanca até a morte sua esposa Judy, além de outros personagens. A história ou
a lição aqui, mostra o triunfo do mal sobre o bem ). E devo dizer, Dave McKean
conseguiu os mais horripilantes bonecos Punch e Judy para fotografar para esta
HQ. Eles são simplesmente assustadores! Mas o trabalho de arte é realmente
belo.
Lugar Nenhum
( Neverwhere ) de 1996, originalmente foi escrita como um roteiro para uma
série de TV de seis episódios para BBC Londres. Só depois se tornou um romance.
Aqui Neil conta a história de Richard Mayhew, um cara normal, com uma vida normal,
vivendo em Londres e que de repende “deixa de existir”, após ajudar uma garota
ferida. E é seguindo essa garota que ele descobre a Londres-de-baixo, uma
cidade feita nos túneis de esgoto e estações de metrô abandonadas, onde residem
monstros, assassinos e todo tipo de coisa estranha.
O dia em que
troquei meu pai por dois peixinhos vermelhos é mais uma história ilustrada pelo
Dave McKean, e seria infantil, mas não culpo nenhum adulto por gostar dela...
As ilustrações do Dave são tão geniais! Este foi lançando em 1997.
Em 1999,
veio Stardust, um conto de fadas lindamente escrito pelo Neil e que até virou
filme. Por aqui, conhecido como Stardust - O mistério da estrela, tem até o Ben
Barnes ( de O retrato de Dorian Gray ) no elenco, e é um filme super lindo!
Deuses
Americanos foi publicado em 2001 e é um dos romances mais aclamados do Neil
Gaiman, vencedor dos prêmios Hugo e Nebula em 2002. Ambiciosa, a história reúne
os antigos deuses em uma batalha épica contra os novos deuses do mundo moderno:
internet, televisão, telefone, cartão de crédito... Uma verdadeira análise
sobre o espírito consumista dos americanos, mas não só deles, nosso também. ;)
Há boatos de
que Deuses Americanos irá se tornar uma série de TV pela HBO, mas com tantas idas
e vindas não sei ao certo se foi confirmado ou não.
2002 foi o
ano de Coraline. Quem não conhece essa poderosa gatinha que enfrenta terríveis
cópias de seus pais e vizinhos no mundo existente do outro lado de uma porta?
Coraline é um livro que deveria ser infantil, mas chega a ser assustador demais
para crianças. =P Este também é ilustrado pelo McKean e virou um longa-metragem
em stopmotion.
Em 2003,
Neil se aventurou novamente pelo mundo infantil em Os lobos dentro das paredes.
( o Dave também está aqui =P )
Os filhos de
Anansi seria mais um menos uma continuação de Deuses Americanos. Este segundo
livro conta a história dos filhos de um dos deuses do primeiro livro.
Em 2006, a
antologia Coisas Frágeis ( que aqui no Brasil fora dividido em duas versões )
reuniu diversos contos de Gaiman, muitos destes, premiados. Nesta compilação é
possível perceber como Neil é versátil, como ele se dá bem tanto escrevendo
romances, quando histórias curtas e poemas. E como ele consegue moldar mundos,
tanto seus, quando de outros ( Sherlock Holmes, Nárnia e Matrix ).
O Livro do
Cemitério ( The Graveyard Book ), de 2008, é mais um romance lindo e cheio de
lições. Ganhador da medalha John Newberry, uma prestigiada premiação da
literatura infanto-juvenil norte-americana, o livro tornou-se um dos mais
vendidos segundo o The New York Times. O Livro do Cemitério conta a história de
um pequeno bebê fujão que escapa do assassinato de sua família e que vai parar
no cemitério da cidade. Ninguém Owens como é chamado, é criado pelas almas dos
mortos que vivem ali. Passeando entre lápides e covas, você percorre a história
e as descobertas de Ninguém, desde sua tenra idade até a adolescência.
A Disney
comprou os direitos do Livro do Cemitério, o que quer dizer que em breve
teremos filme! Eba!
De volta ao
mundo infantil, em 2009 temos Cabelo Doido, ilustrado com aquelas colagens
belas e malucas de nosso companheiro fiel, Dave McKean.
Finalmente,
2013 foi um ano de glórias para Neil Gaiman.
Seu último
romance, O oceano no fim do caminho, é aquele tipo de livro adulto, disfarçado
de infantil. Um homem sentado em um velho banco de uma velha fazenda relembra
uma misteriosa história de décadas atrás, sobre sua infância. Foi naquela época
que ele conheceu Lettie Hempstock, a coisa-demônio chamada Úrsula e as mulheres
que moravam no fim do caminho... onde havia um oceano.
O oceano no
fim do caminho foi eleito o melhor livro na categoria Fantasy, pelo site
Goodreads, está entre os 10 melhores livros de ficção da revista Time e ainda
foi eleito o livro do ano no Reino Unido pelo UK National Book Awards.
Vale
ressaltar que os direitos de O oceano no fim do caminho já foram comprados (
antes mesmo da publicação ) para o cinema.
Ainda neste mesmo
ano, lançou Fortunately, the Milk, livro infantil, ainda sem previsão de
lançamento para o Brasil.
E pensa que
é só isso? Não é não.
2013 marca
também o retorno de Neil Gaiman à história do Mestre dos Sonhar, em Sandman
Overture, narrando os fatos acontecidos antes da primeira edição desta HQ. Quem
já leu Sandman se lembra? Quando Morpheus foi capturado há muitos anos ele
fazia uma importante viagem... Mas para onde e por quê?
Ufa! Só até
aqui já deram quase 5 páginas no meu Word. Mas não é só isso, tem muito mais coisas
para falar!
Neil Gaiman
trabalhou no cinema também. Ele assina o roteiro, em parceria com seu querido
amigo Dave McKean, do longa MirrorMask. Um filme realmente lindo, meio conto de
fadas, meio surreal, em que é possível mergulhar na arte de McKean, como se
você estivesse dentro de uma de suas capas de Sandman ou de uma de suas
ilustrações fodásticas.
Também criou
junto com Roger Avary o roteiro de A lenda de Beowulf, animação adaptada do
poema épico anglo-saxônico Beowulf.
Nos anos
2000, Gaiman adaptou o anime Princesa Mononoke ao inglês e levou Sandman para o
oriente em Os caçadores de sonhos.
Para a
Marvel, trabalhou em duas séries que não são muito famosas: 1602 e Eternos.
Criou outros
contos infantis que não citei ainda, como: Odd e os gigantes de gelo, O
alfabeto perigoso e O dia de Chu.
Escreveu um
e outro episódio de Doctor Who, a famosa série da TV da BBC.
Por fim, no
final de 2013 a Panini lançou no Brasil a edição de luxo de Dias da meia-noite,
uma coletânea de seis pequenas histórias do Neil, ilustradas por alguns dos
mais famosos artistas da HQ, como Dave McKean ( de novo ), Mike Mignola, Steve
Bissette, John Totleben, Sergio Aragonés, dentro outros. E que está sendo
resenhada por esta linda pessoa que vos fala, hoje, no blog.
Caramba,
essa foi uma pesquisa e tanto!
Claro que eu
posso ter esquecido uma ou outra coisa para falar sobre o Neil, já que o
repertório dele é realmente gigantesco! Mas tentei fazer uma biografia o mais
completa possível. Espero que tenham gostado, queridos e lindos leitores! E que
agora vocês também amem tanto quanto eu esse escritor foderoso, com essa
carreira maravilhosa de tantos anos ( e que continue assim por mais muitos
anos!) ;)
Parabéns, eu tbm sou mto fã do Gaiman, mesmo lendo poucas obras deles, sou apaixonada por Sandman e quero mto ler Deuses Americanos
ResponderExcluirBjs
Obrigada Beatriz!
ExcluirPessoalmente, o Neil Gaiman é meu escritor favorito! Ele possui uma forma tão fluida de criar mundos que os fazem parecer reais de verdade. Também não tive a oportunidade de ler Deuses Americanos ainda, mas logo logo lerei!
bjin ;)