Clássico é Clássico #2 - Madame Bovary de Gustave Flaubert, por Thais Maia

Ficha Técnica:

Título: Madame Bovary
Autor: Gustave Flaubert
Ano de Lançamento: 2015
Gênero: Literatura Estrangeira/ Clássico/Romance
Páginas: 398
Preço Médio: R$49,99

Links de compra: Amazon

Tradutor: Herculano Villas-boas 
Essa leitura faz parte do Desafio Observo Books

Eieiei amiguinhos!!! Como vocês estão?

Espero que muito bem, porque a resenha de hoje é especialíssima ;) Antes de tudo gostaria de avisar que o formato dela é diferente do que costumamos fazer aqui no Notinhas, ela é mais parecida com aquela que fiz de Peanuts em Dezembro do ano passado. (AQUI) 

Hoje trago para vocês as minhas impressões sobre o livro Madame Bovary de Gustave Flaubert. Um romance que foi publicado em meados de 1857 na França, essa minha edição é de 2015 e foi publicada por aqui pela Editora Martin Claret com tradução do Herculano Vilas Boas.

Sempre ouvi falar muito bem do livro, pois ele trata-se de um dos clássicos mais aclamados da literatura mundial. Porém como vocês bem sabem eu os deixei de lado durante quase toda minha vida. 

Um pouco do contexto histórico:

O livro "Romance Dos Romances ", Madame Bovary é considerado pioneiro dentre os romances realistas; não somente, o livro tornou-se famoso por sua originalidade, o qual posteriormente levou a cunhagem do termo de psicologia bovarismo, em referência as características psicológicas da protagonista da obra. Quando o livro foi lançado, houve na França um grande interesse pelo romance, pois levou seu autor a julgamento.

Flaubert criou uma cena muito peculiar para sua epoca tendo em vista os meios foi levado aos tribunais, onde utilizou a famosa frase "Emma Bovary c'est moi" (Emma Bovary sou eu) para se defender das acusações. Acusado de ofensa à moral e à religião, num processo contra o autor e também contra Laurent Pichat, diretor da revista Revue de Paris, em que a história foi publicada pela primeira vez, em episódios e com alguns pequenos cortes(Fonte).

"O realismo foi um movimento artístico e literário surgido nas últimas décadas do século XIX na Europa, mais especificamente na França, em reação ao romantismo. Entre 1850 e 1900 o movimento cultural, chamado realismo, predominou na França e se estendeu pela Europa e outros continentes. Os integrantes desse movimento repudiaram a artificialidade do neoclassicismo e do romantismo, pois sentiam a necessidade de retratar a vida, os problemas e costumes das classes média e baixa não inspirada em modelos do passado. O movimento manifestou-se também na escultura e, principalmente, na pintura e em alguns aspectos sociais." 

Sobre o enredo:

A história é dividida em três partes, narrada em terceira pessoa o que contribui e muito para termos um panorama bem amplo do enredo. O livro se inicia nos contando um pouco sobre a vida de Charles Bovary, desde seus anos escolares até seu primeiro casamento e os eventos que se sucederam desde então. Charles é o que podemos chamar de ser humano "sossegado", simplesmente aprendeu a aceitar as coisas como elas são e convive bem com sua realidade. Não teve um casamento feliz com a primeira esposa, mas se encantou por Emma assim que a conheceu. E acredita que com ela tudo poderá ser diferente.

Emma apesar de não ter nascido em uma família afortuna, recebeu uma boa edução em um convento. Tem uma natureza romântica e acredita que depois que se casar tudo será somente flores - como nos livros que costuma ler -. Porém essas fantasias logo se dissipam, assim que ela se casa percebe que apostou sonhos demais naquela realidade. Passa a viver então uma vida de tédio e angústia. 

"Não conseguia agora convencer-se de que a calma que vivia fosse agora a felicidade que sonhava."

As coisas começam a mudar quando o casal se muda para uma cidade maior, na tentativa de fazer seu ânimo ressurgir. E é lá em Yonville que tem início as aventuras extra-conjugais de nossa protagonista. Primeiro com Rodolphe Boulanger, um conquistador que só a via como mais uma de suas amantes, depois Léon Dupuis por quem talvez ela tenha realmente sido apaixonada, mas o romance não vai muito longe, pois logo Emma se vê totalmente endividada. Recorre então a todas as pessoas possíveis - inclusive a seus ex-amantes - Com as respostas negativas de todos os lados, a única solução que ela encontra é por fim em sua própria vida, se envenena então com arsênico. 

Após sua morte as coisas só pioram para Charles e sua filha Berthe - pois é, ela tinha uma filha - Eles se encontram sem dinheiro nenhum, e com inúmeras dividas a serem quitadas. Apesar de tudo Charles ainda sente muito a morte da esposa - mesmo depois de ter inúmeras provas de suas traições -. E não demora muito a vir a falecer também, deixando uma filha ainda pequena. O final da garotinha é incrivelmente trágico também. 

Terminei de ler o livro ontem, então talvez não tenha tido tempo de dirigir todas suas nuances ainda. A verdade é que não sou nenhuma critica literária graduada, talvez nem tenha gabarito para falar sobre obras tão importantes. Mas venho falar agora como uma leitora de livros contemporâneos, que não se aventura muito em livros clássicos, mas que ama saber mais sobre o período em que eles foram escritos. 

Gostei muito da forma como o autor conduziu a narrativa, não achei tão difícil de compreender nem de acompanhar. Madame Bovary nos traz uma protagonista egoísta, que só pensava em seus próprios martilhos, tem mais um quê de anti-heroína do que qualquer outra coisa; Já Charles é um médico do interior que teve pouca sorte na vida, mas que apesar de tudo amava com tudo que podia sua esposa. Não cheguei a gostar realmente de nenhum dos personagens. Mas apreciei muito a leitura e a escrita de Flaubert. Apesar de ter sido escrito a tantos anos, os problemas abordados pelo autor continuam tão atuais quanto antes. O falso moralismo e o quesito adultério podem ser visto facilmente ainda hoje em nossa sociedade, porém temos que admitir que não com tanta radicalidade.

A ponto de curiosidade, o autor passou cinco anos de sua vida escrevendo livro - cá entre nós, um livro que demorou tanto para ser finalizado tem que ser no minimo fabuloso - esse é um dos motivos para muitos leitores e críticos acharem que a obra é a que mais se aproxima da perfeição.