Resenha: Proibido de Tabitha Suzuma, por Thais Maia

Ficha Técnica: 

Título: Proibido
Autor: Tabitha Suzuma
Editora: Valentina
Ano de Lançamento: 2014
Gênero: Literatura estrangeira/Romance/YA
Páginas: 304
Preço Médio: R$29,99

"– […] Não vou deixar que ninguém nos proíba…[…]

– Mas é o mundo inteiro – diz, sua voz um sussurro angustiado. – Como vamos conseguir triunfar sobre o mundo inteiro?"

Eiieieiei queridos!!!! 

Como vocês estão? Espero que muito bem, andei sumida neh?

Mas olha... tenho motivos plausíveis, minha vida estava uma louca só nos últimos dias. Andei lendo uma coisa ou outra, mas não conseguia arrumar um tempinho para escrever nada.

Hoje trago para vocês a resenha de um livro, que sinceramente? ainda não sei defini-lo. Nunca uma história mexeu tanto com os meus sentidos quanto essa. Vários livros me emocionaram ao longo dos anos, mas esse conseguiu tocar um cantinho que nenhum outro havia conseguido atingir ainda. Sua forma sutil e escrita extremamente poética me fizeram refletir muitíssimo sobre minhas crenças pessoais, em tudo que eu acho certo, errado e imoral.

Bom, mas vamos direto ao que interessa... a história. Em Proibido conhecemos os irmãos Maya e Lochan, os dois jovens fazem parte de uma família totalmente desestruturada. O pai os abandonou a alguns anos e a mãe relapsa, mais vive bêbada do que sóbria. Desde muito cedo ambos assumiram o papel de cuidar da casa, dos irmãos menores e de todas as responsabilidade que pudessem surgir pelo caminho. E é com esse prelúdio que embarcamos nessa ficção tão real e tocante que Tabitha Suzuma construiu tão bem. 

Para todos seus colegas de sala, Maya não passa de mais uma estudante bonitinha e relativamente tímida. Que ao invés de se preocupar com futilidades preferia ficar no seu canto, longe do radar de todos. Até aqui nenhuma novidade, já que muitos adolescentes preferem se fechar no seu próprio mundo durante esse período. O que nenhum deles poderia imaginar era que a jovem de sorriso doce e temperamento dócil, possuía mais responsabilidades do que qualquer um deles poderia suportar. Com apenas 16 anos, ela exercer um papel que estava muito além do que deveria ser saudável para alguém de sua idade, Maya não é apenas a irmã mais velha, mas sim a "mãe" de seus irmãos menores. Aquela que se preocupa com todos, que tenta driblar as situações sempre pensando no bem estar coletivo. Não posso deixar de admira-la, a maturidade que possui e a força de caráter, são realmente muito admiráveis.

Com Lochan não é diferente, o rapaz de 17 anos não se assemelha em nada com os garotos a sua volta, porém diferente de Maya ele simplesmente não consegue se relacionar com ninguém de fora, com isso eu quero dizer que ele tem uma fobia terrível ao falar com as pessoas que não sejam de sua família. É realmente angustiante perceber o quanto ele é preso em si mesmo, durante boa parte da leitura minha vontade foi de entrar na história e simplesmente lhe dar uma abraço, e dizer que no fim tudo ficaria bem. Para mim a grande estrela do livro é esse personagem, sua coragem e abnegação em ligar com os problemas é inspiradora. Sua forma altruísta de pensar muitas vezes me deixou um pouco nervosa, mas nem isso conseguiu diminuir a admiração que esse personagem despertou em mim. 

Durante toda sua vida a única pessoa que conseguia entende-lo foi sua irmã, que era apenas alguns meses mais nova. Ambos formaram desde muito cedo uma aliança forte, onde um apoiava e entendia o outro. E de toda esse cumplicidade o carinho fraternal evoluiu para um sentimento muito maior, muito mais forte e arrasador. 

"— Como o nosso amor pode ser considerado horrível, quando não estamos fazendo mal a ninguém?
Seus olhos descem aos meus, brilhando úmidos na penumbra.
— Não sei — sussurra. — Como uma coisa tão errada pode parecer tão certa?

Confesso que quando esse livro foi lançado por aqui lá em meados do 2014 fiquei um pouco receosa em lê-lo, não porque estava com o pé atrás com o tema, mas porque assim que começaram a surgir as resenhas percebi que se tratava de uma história com uma carga emocional gigantesca, talvez eu ainda não estivesse prepara para a leitura afinal, e ao longo desses quase dois anos percebi que isso era realmente verdade. Já que tentei lê-lo inúmeras vezes sem muito sucesso. Até que agora a leitura finalmente fluiu.

Entre tantos pontos que o livro aborda, o incesto com certeza não foi o que me incomodou mais, isso porque ficou claro ao longo da construção da narrativa que o sentimento era puro...era verdadeiro, era impossível não torcer pelos personagens, não querer que eles tivesse o seu final feliz de alguma forma. Talvez se eu tivesse que resumi-lo em uma palavra, seria como "verdadeiro" pois foi esse o sentimento que ele despertou em mim, algo real e concreto. 

Espero que eu tenha despertado em vocês ao menos uma fagulha de curiosidade, foi extremamente difícil para mim escrever essa resenha, e sei que ela não irá ficar das melhores, porque eu simplesmente não consigo falar claramente sobre esse livro.Mas de toda forma espero que vocês se animem em lê-lo, só queria deixar uma pequena ressalva antes, aos que optarem em dar uma chance - gostaria de pedir para vocês iniciarem essa leitura de peito aberto, esqueçam convicções e deixem de lado as expectativas -. Beijão a todos*...*

NOTINHA EXTRA: Em Setembro de 2014 a autora deu uma entrevista interessantíssima para o jornal Folha de São Paulo, falando um pouquinho mais sobre sua vida e como foi o processo de desenvolvimento do livro. Irei deixar um trechinho aqui em baixo para vocês darem uma olhada.

"Queria apenas escrever sobre uma história de amor definitivamente proibida! Uma relação inaceitável não somente pelos personagens da família, pelos amigos. Queria escrever sobre um amor condenável universalmente!
E também quis dar ao leitor a oportunidade de pensar quão instantaneamente condenamos as pessoas que quebram tabus sem saber das circunstâncias que as levam a fazer isso. Não estou pedindo que decidam se incesto deve ser legal ou ilegal, certo ou errado. Apenas quero encorajar as pessoas a manterem suas mentes abertas." SUZUMA,TABITHA. Folha de São Paulo. Set. 2014.

 QUOTES

"Sempre que estou longe de Maya, eu me sinto incompleto… menos que incompleto. Eu me sinto como se não fosse nada, como se não existisse. Não tenho identidade, não falo, nem mesmo olho para as pessoas. A presença delas é insuportável como sempre – tenho medo de que, se prestarem atenção em mim, vão adivinhar o meu segredo."

"Não aguento pensar que possa ter perdido nossa intimidade, nossa amizade, nosso vínculo de confiança. Ele sempre foi tão mais que apenas um irmão. Ele é minha alma gêmea, meu oxigênio, a razão pela qual eu espero com ansiedade pelo momento de acordar todos os dias. Sempre soube que o amava mais do que a qualquer pessoa do mundo – e não apenas de um jeito fraternal."

"Mas então por que é tão terrível para mim estar com a garota que eu amo? Todos os outros têm permissão para ficar com quem quiserem, expressar seu amor se quiserem, sem medo de assédio, ostracismo, perseguição ou até mesmo da lei."

"Eu me recuso a permitir que um rotulo do mundo exterior estrague o dia mais feliz da minha vida. O dia em que beijei o homem que sempre abracei em meus sonhos, mas nunca me permiti ver. O dia em que finalmente parei de mentir para mim mesma, parei de fingir que era apenas um tipo de amor que sentia por ele, quando na realidade eram todos os tipos possíveis e imagináveis de amor."